O escândalo é a alma do jornalismo. É a alma que o jornalista vendeu ao diabo. É aquela que dá dinheiro. Os jornais precisam de escândalos como de pão para a boca. Sem um escândalo de qualquer tipo, seja ele sexual, económico, político, moral, ou outro, o jornal está perdido. Por esse motivo, e não por apego à verdade, os jornais continuam a dar-nos aquilo de que precisamos. Não obstante, o escândalo é considerado frequentemente um género menor. É apresentado como se fosse um acidente. Naquele dia o jornal traz um escândalo. Como se nos outros não trouxesse. Como se nós fossemos capazes de comprar um jornal sem um bom escândalo lá dentro.
O escândalo é historicamente subestimado. Nem o Oliveira, nem o Saraiva, nem o Matoso nos contam a verdadeira história de portugal. Essa é uma sequência ininterrupta de escândalos. Que atingem o conhecimento público ou não consoante a maior ou menor liberdade de imprensa, os interesses dos intervenientes e um conjunto vasto de factores razoavelmente imprevisíveis. A omnipresença do escândalo na imprensa e na sociedade é indiscutível. Assim como o é a sua volatilidade. Ou seja, o escândalo aparece e desaparece, agrega-se e multiplica-se, funde-se e refunde-se no meio das notícias. Brevemente cai no esquecimento. É difícil, se não impossível, fazer um inventário dos escândalos. Sendo impossível, é tarefa para nós.
O chornal dos escândalos propõe-se fazer o inventário dos escândalos. Um inventário sem julgamento. Sem procurar saber se o escândalo se justifica ou não, se os factos são verdadeiros ou não. Para nós, o escândalo vale per se. É como escutar a vizinha que chama puta à outra. Não é relevante que a outra seja puta ou não. O que é relevante é que alguém lhe chamou puta. É essa a lógica do chornal dos escândalos.
Deixe um comentário