Por corrupção entende-se conseguir benefícios indevidos para si ou para outrém graças a um cargo público ou não e/ou à tomada, não tomada ou adiamento de decisões inerentes a esse cargo. Independência é outra coisa. Diz-se que alguém é independente se não tem interesses cuja protecção possa ser influenciada pelas decisões tomadas no âmbito do seu cargo.
A diferença entre não ser corrupto e ser independente é relevante. Ser corrupto é algo intencional. Não é um acidente. O mesmo não se passa necessariamente com a falta de independência. Esta pode ser acidental. Ninguém está livre de lhe surgir pela frente a obrigatoriedade de decidir sobre algo em que já antes detinha interesses.
O conceito de independência pode ser um conceito estreito ou bastante alargado. Na América, o conceito de independência é largo. A Hillary foi nomeada secretária de estado. Antes, como senadora, tinha votado o aumento de salário do cargo de secretário de estado. Por isso teve que sujeitar-se ao cargo sem beneficiar do dito aumento. Mesmo tendo sido esse aumento de salário votado por ela no meio de 400 gajos e há uns bons anos atrás.
Em Portugal, o conceito de independência é estreito. O sr. silva teve que aprovar a nacionalização do BPN. Com o argumento de proteger os depositantes. E ele tinha depósitos no BPN. O sr. loureiro, seu chefe de campanha presidencial, era um administrador da SLN, detentora do BPN. O tal sr. loureiro que foi inquirido por factos passados em 2001. Num banco nacionalizado à sombra da crise de 2008. Com aprovação do sr. silva. Que foi accionista da SLN até 2003. Um de 390. E, no entanto, para os padrões nacionais, a sua tomada de decisão é suficientemente independente. Em portugal, não ser corrupto é mais do que suficiente.
P.S.: Na América, o escrutínio da vida dos governantes é a regra. Aqui, o sigilo prevalece. Uma Comissão da AR pediu o levantamento do sigilo às contas do BPN. O BPN e o BdP não parecem estar para aí virados.
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