Aqui vai mais uma edição de uma das nossas rubricas favoritas, as inacreditáveis não-notícias. Uma rubrica dedicada às notícias que espantosamente conseguem não surgir nos media. Ou que, quando têm muita, muita sorte, surgem lá num cantinho como se fossem irrelevantes.
1ª – Ladron – Lembram-se do Ladron? A doomsday machine…Aquela coisa que tinha por objectivo científico aproximar-nos de deus à força fabricando um buraco negro e engolindo o planeta? Afinal foi construído por sapateiros. É constituído por 75 transformadores gigantescos. Desses, 72 não funcionam e têm que ser substituídos. Uma bela percentagem. Bom trabalho. Graças a deus que estamos em crise. Pode ser que não haja dinheiro e que a coisa acabe assim.
2.ª – Telefonema – Em plena crise Índia-Paquistão alguém telefonou para o ministro dos estrangeiros paquistanês fazendo-se passar por ministro dos estrangeiros da Índia. Foi extremamente agressivo e ameaçador. Os paquistaneses acreditaram mesmo que era o ministro dos estrangeiros da Índia e prepararam-se para o pior. A meio da noite a Condolezza Rice telefonou para a Índia para saber o que se passava. Os indianos disseram que não sabiam de nada. Não tinham sido eles que tinham telefonado. Por causa do telefonema, a Índia e o Paquistão estiveram à beira da guerra. Com bombas antónias…
3.ª – Ladron – Lembram-se do Ladron? Sabem qual o plan B deles para o caso dos buracos negros não decaírem? Não têm.
4.ª – Global Europe Summit – Realizou-se uma cimeira europeia para tratar dos problemas financeiros. Em Downing Street. Downing Street chamou-lhe Global Europe Summit. Estiveram presentes o Brown, o Sarkozy e o Durão Barroso. A Merkel não foi lá. Não quis ir. O ministro das Finanças alemão explicou um pouco melhor os motivos da não-presença: “Lá porque os lemmings vão todos numa direcção isso não quer dizer que seja a direcção correcta.”
5.ª – Spain bonds – A Espanha fez uma emissão de títulos do tesouro. Ninguém lhes pegou. Ou seja, ninguém lhes quer emprestar dinheiro. Ou seja, aquilo que era tradicionalmente considerado um investimento seguro já não o é. As consequências disso são imensas. Se os portuguesinhos pensam que é só pedir dinheiro e que ele vem estão muito enganados. Esses tempos já foram.
6.ª – Euro de pantanas – As dívidas sobre a capacidade de alguns estados pagarem as suas dívidas avolumam-se. Grécia e Irlanda são os mais arriscados. O risco da dívida dos estados multiplicou-se. O valor dos CDS, credit swaps, que são uma espécie de seguros dessas dívidas, aumentou brutalmente, mesmo nos países mais seguros. A libra está de pantanas. De 1,5 euro passou a 1,1 e caminha rapidamente para a paridade. O Brown assumiu a liderança da crise mas os interesses dele não coincidem com os dos alemães. Estes estão furiosos.
7.ª – A fome que não existiu – Fomos bombardeados no início do ano com uma fome que ia existir. Iam morrer mais de 100 milhões de pessoas. Por causa do aumento do preço dos cereais, por causa dos biocombustíveis, por causa do aumento do preçodos combustíveis. Esses 100 milhões de pessoas esqueceram-se de morrer. Ninguém fez dieta nos países ricos para os ajudar. Ninguém nos veio explicar o que se passou.
8.ª – Plano Paulson desactivado – Após um grande cagaçal para aprovar o Plano Paulson, eis que fica em águas de bacalhau e que é discretamente desactivado. Uma não-notícia de grande dimensão. Nem o quando, nem o como, nem o porquê. Nada.
9.ª – Greek riots – Os motivos da revolta grega são desconhecidos. Os manifestantes não falam para as TVs estrangeiras. Não se conhecem os líderes da revolta. Um agregado de não-notícias.
10.ª – A Islândia faliu – Nunca mais se ouviu falar deles. Não se conhecem as consequências que isso teve ou não para os cidadãos. Não se sabe como vivem. Os media não dão notícias. Provavelmente a Islândia encontra-se à mesma latitude e longitude, mas no fundo do mar. Foram vistas islandesas com a chocha a boiar no algarve.
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