Estava um frio a sério. É nestes dias que as gajas com cio resolvem vir semi-nuas. Os patos bravos estavam todos enroupados e encolhidos. E eis que ali vinha ela, cheia de pressa, boa, mesmo boa. Primeiro só lhe vi as pernas, desagasalhadas, com uns collans que deviam fazer rapar um frio do caraças. Tinha os cabelos compridos e um cachecol e enrolava aquilo tudo de maneira a tapar o pescoço e a boca, não fosse o frio entrar por algum lado. Em baixo não precisava de agasalho. Tinha uma cona em labaredas. Eu vi as línguas de fogo. Parecia uma estrutura frágil, mas explodia de energia. Estava ali um bicho selvagem, a mulher primitiva. Com pressa de ser mulher. Desapareceu de repente. Depois reapareceu do nada, como só os bichos selvagens sabem fazer. Encontrei o alex e disse-lhe: “olha o que vem aí”. Vinha lá, mas já tinha passado, já era uma gaja normal. Já não estava lá nada.
To me, photography is the simultaneous recognition, in a fraction of a second, of the significance of an event (…) We photographers deal in things which are continually vanishing, and when they have vanished there is no contrivance on earth can make them come back again. We cannot develop and print a memory. (…) Above all, I craved to seize the whole essence, in the confines of one single photograph, of some situation that was in the process of unrolling itself before my eyes. (…) To photograph is to hold one’s breath, when all faculties converge to capture fleeting reality. It’s at that precise moment that mastering an image becomes a great physical and intellectual joy. (…) He made me suddenly realize that photographs could reach eternity through the moment. Henri Cartier-Bresson
Deixe um comentário