Está na altura de começar a desmistificar as coisas. Está na altura de olhar para as coisas de frente. Afinal o que foi a grande depressão? Qual a diferença entre o tamanho do que aconteceu então e agora?
Mercado accionista: O crash bolsista ocorreu em Outubro de 1929. Em 1930 a bolsa já estava mais ao menos ao nível de Abril de 1929, 30% abaixo do máximo.
Economia: A resposta da economia não foi imediata. Nem a queda nem a retoma da economia. Em 1930 o PIB caíu 9% e em 1931 outros 9%. Em 1932 o PIB caíu 13%.
Desemprego: Em 1933 atingiu 25%.
Deflacção: Os preços no consumidor caíram 25%.
Comparado com o que temos hoje, o trambolhão accionista de 1929 é uma coisa de bebés. Já a queda de 13% no PIB e o desemprego a 25% parecem coisas sérias. Na verdade, podemos comparar mas não podemos comparar. Podemos comparar números embora não possamos comparar consequências sociais. Tudo é diferente. O peso do mercado accionista na economia era menor. O emprego por conta de outrém não era tão universal. O PIB de hoje é muito feito de serviços, ou seja, em boa parte de coisas imaginárias. A sociedade ainda era muito agrícola, hoje não é. A queda dos preços dos produtos agrícolas de 40 a 60% no produtor dificilmente poderia acontecer hoje. Afinal de contas o preço no produtor já é uma parte ínfima do que o consumidor paga. Tudo é diferente.
Perder 20% dos rendimentos em 1929 significava ir parar à sopa dos pobres, da qual afinal nunca se tinha andado muito longe. Perder 20% dos rendimentos em 2008 significa trocar um BMW por um VW Golf. Nada que justifique uma intervenção do estado.
As soluções adoptadas também não são comparáveis. Diz-se que a crise de 29 foi ultrapassada com o aumento das despesas do estado. Sim, mas nesse tempo o peso das despesas do estado no PIB era uma ínfima parte do que é hoje. O que torna a intervenção do estado hoje muito mais complicada.
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