histórias da crise

A crise tem uma história. E tem muitas histórias. Histórias que é difícil conhecer. Muitas das grandes histórias da crise são invisíveis. Outras são parciais, romanceadas, inventadas ou aldrabadas. Mas são grandes histórias. Aqui vai uma grande história contada mais ou menos como no daily telegraph.

O governo alemão resolveu lixar uns gajos dos hedge funds. Montou-lhes uma armadilha. Lixou-lhes 6000 milhões de contos. Não há memória de hedge funds terem levado um rombo deste tamanho.

A história é simples. Os hedge funds comprometeram-se a comprar 12% das acções da VW e, naturalmente, julgavam que essa quantidade existia no mercado e que podiam obtê-la a um preço razoável. Foram enganados. Só 5% das acções da VW estavam disponíveis no mercado porque, (em conluio com o governo alemão?) a Porsche tinha comprado à socapa 74% da VW e o governo da Baixa Saxónia outros 20%.

Porque 5% é menos que 12%, na data da entrega os preços subiram bruscamente. Passaram de 210 euros a mais de 1000 euros. Presos pela obrigação de obter os 12% de acções, os fundos lixaram-se. Perderam 6000 milhões de contos. Num dia. Não há memória de nada assim.

Nota 1: a manobra só foi possível porque a legislação alemã não obriga a declarar a posse de acções a partir de um certo número, prática contrária à que está em vigor na maior parte dos países.

Nota 2: No mesmo dia, apanhados na mesma guerra, os dois bancos de investimento americanos sobreviventes, Morgan Stanley e Goldman Sachs, perderam 11 e 8 por cento da sua cotação.


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Comentários

2 comentários a “histórias da crise”

  1. Avatar de ValeAz

    A questão aqui é: Como é que os obrigaram? Porque esse esquema já tem barbas, e da última vez que quiseram obrigar, o tio Ielstsin mandou tudo à merda e fodeu a LTCM.
    Tem aí pormenores por explicar…
    Senão já eu tinha feito uma igual.
    Olha lá, Socrates: Não me queres a gerir um banco? O BPN, por exemplo? Sempre fazia melhor…

  2. Avatar de alex

    Bela história, sim senhor!

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