o que a crise nos traz

E aos jovens, o que traz a crise? Temos uma juventude que nunca assistiu a nenhuma forma de contestação social. Para os jovens com menos de 20 anos, o que mais se aproxima do conceito de movimento social é o ajuntamento de palermas da expo 98 e o euro de futebol. A situação piora quando consideramos os menores de 15 anos. Para esses movimentação social é o rock in rio e o concerto da madona.

A juventude foi substituída por um bando de palermas vestidinhos com roupinhas de marca e crentes em modelos de sucessso. Começam a consumir em frente à TV quando têm menos de 4 anos. Gastam a juventude passando o dia numa escola inútil. O seu conceito de independência e de autonomia é comprar as marcas que as televisões e as novelas os mandam comprar e que lhes dizem serem diferentes das que os papás compram.

Mas eis que chega a crise. A crise traz a insegurança e o medo. O medo recupera os laços sociais. A crise é dúvida. A dúvida é conhecimento. A crise é sofrimento. O sofrimento é superação. A crise é falta de esperança. A falta de esperança é redenção. Talvez esta juventude se salve. Tiveram sorte.

E a nós, o que traz a crise? Podemos estar a viver momentos históricos. Quando formos velhos teremos qualquer coisa para contar. Até que enfim. E podemos aumentar a coisa para parecer ainda maior. Poderemos dar entrevistas às gajas boas.


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Comentários

2 comentários a “o que a crise nos traz”

  1. Avatar de ana arequista
    ana arequista

    A qualidade dos posts neste blog costuma ser acima da média dos da maior parte dos blogs nacionais. Este é um dos melhores.
    Muito obrigado.

  2. Avatar de alex

    Fantástico!
    Até já comentam o nosso Chornal.
    E até dizem bem.

    Anyway (desculpa lá o anglicismo, ó pá, a gente até escreveu um livro onde dizemos para não usar estas merdas, mas ok), gostei daquela frase em que dizes “O seu conceito de independência e de autonomia é comprar as marcas que as televisões e as novelas os mandam comprar e que lhes dizem serem diferentes das que os papás compram”. Para além de me eriçar os pelos das costas (fartei-me de fazer essas merdas aos meus pais, e agora os meus putos fazem-me isso a mim), estás a tornar-te um verdadeiro antropólogo. Esquece tudo o que tens andado a fazer e dedica-te ao estudo do Homem… e das gajas boas!

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