Os bancos da Islândia afundaram-se. O governo agarrou-se aos bancos. Enterrou nos bancos um ano de PIB. O país afundou-se. Na bancarrota. A bancarrota existe. E existem governos capazes de levar o país à bancarrota. Em defesa dos bancos. Como é que se pode ser tão estúpido assim?
Certamente que não pensavam chegar à bancarrota. Certamente que pensavam que o que estavam a comprar tinha outro valor. Certamente pensavam que se alguma coisa corresse mal alguém ou alguma organização lhes dava a mão. Enganaram-se. Foderam-se. Bem feito. Deviam ter lido dois autores que li há muito tempo. Um dos autores, num livro sobre negociação, alerta para a extrema imprudência de se comprar uma empresa cujo valor se desconhece. É de acreditar que o governo islandês desconhecesse o estado das empresas que comprou. O outro autor conta a história de um golfinho que cresce e um dia é pai. Quer dizer deus-pai. Com tudo o que isso significa. De poder. De responsabilidade. E de alguma angústia. Já não tem deus-pai a quem recorrer.
Em Portugal acredita-se no deus-pai UE. Esta fé num deus-pai arranjado à pressa é uma ideia perigosa. A camarada Merckel vai gastar o seu dinheiro com os bancos alemães. Não com os nossos banquinhos aventureiros. Se o estado começar a enterrar dinheiro nos bancos só podemos esperar o pior.
P.S.: Já agora, um favor, digam-me que a CGD não emprestou 40 milhões de contos ao BPN.
Eddie Felson: Are you a hustler?
(the Color of Money)
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