Começou por me cheirar a feijão queimado. Mas não me apeteceu ir ver o que se passava. Estava ocupado a sacar vídeos dos VDGG do YouTube.
Associei o cheiro a um momento de infância e contei à minha mulher, que estava em frente à TV a ver o CSI, essa lembrança meio esfumada.
“Cheira-me a feijão guisado queimado, como na casa de uma empregada da limpeza da minha mãe, de há quase 40 anos atrás, testemunha de Jeová, que morava num prédio de 2 ou 3 andares, na Quinta da Alegria. Um prédio que não estava pintado, com uma entrada escura… Ela convidou-me para ir a casa dela, lembro-me que o cheiro era como este.” A minha mulher que tem um cheiro apuradíssimo, está engripada e não lhe cheirava a nada… “Ela tinha deixado queimar um guisado… Fui brincar lá para fora… Estava muito sol… Lembro-me vagamente das coisas.”
“Apanhei-a várias vezes deitada na minha cama, agarrada à barriga. ‘Com cólicas’, dizia ela.”
“Um dia desapareceu. Foi para França ter com o Deus dela…”
De repente lembrei-me de ter visto sementes de linhaça ao lume, já há mais de meia hora….
Quando fui mijar, o cheiro a queimado era tão intenso que pensei que se fumasse três charutos não ficava tão mal disposto como aquele cheiro me tinha deixado.
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