Era uma vez uma arrã.
Vivia no charco com as outras arrãs. Todos os dias olhava em volta e via arrãs umas vezes maiores e outra menores. As arrãs eram todas mais ou menos iguais.
Uma noite a arrã teve um sonho. Exisita uma arrã maior, mas muito maior qu’às outras, e essa arrã era ela! Oohhh! Que felicidade! Como foi bom acordar nesse dia. Saiu de casa toda inchada, de sorriso nos lábios, para ter a desilusão de verificar que continuava igual às outras arrãs.
Desilusão. Passou o dia deprimida. Olhou para o jornal e viu um anúncio com o título “Quer Crescer?” e disse para sim mesma “Atão não quero? Quero ser a máior”. E se o pensou logo o fez.
O Consultor de Crescimento deu-lhe logo indicações sobre uma dieta alimentar que potenciava o crescimento. E a arrã cresceu. Passou a ser a inveja das vizinhas que logo contrataram os seus Consultores de Crescimento. E todas começaram a crescer e a ter seguidoras. E quanto mais cresciam mais seguidores e aduladores tinham.
Os Consultores do Crescimento esfalfavam-se para conseguir arranjar maneira das suas arrãs serem cada vez maiores. Quando a alimentação já não fazia nada, diziam-hes para ir metendo um pouco de ar. Ao fim de algum tempo já só de ar viviam as arrãs.
Algumas começaram a ver que não se mexiam e que as pernitas continuavam pequenas. “Não se preocupem” diziam os Consultores de Crescimento. “Isso é mesmo assim! Comam mais ar que vão ver que as pernas logo crescem.”
De vez em quando ouvia-se um “pop!” mas ninguém ligava. “Era uma arrã doente, coitada.”, “Cometeu um erro alimentar” diziam os Consultores do Crescimento agora todo vaidosos do alto dos seus fatos com gravatas a condizer e pele limpinha e sem sarro nas unhas. Todos queriam ser Consultores de Crescimento agora. Já escreviam livros e chamavam-lhes Gurus.
O número de “pops!” começava aumentar. As arrãs estavam a ficar preocupadas mas tinham que continuar a crescer porque, achavam, a crescer é que suportavam melhor o corpo e mantinham o espaço cada vez mais escasso para que outras arrãs crescessem.
Um dia o charco ficou só com rãs pequeninas.
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