Há arquitectos homens e arquitectos meninas. A mim calhou-me um arquitecto menina.
FILHO DA PUTA!
O filho da puta desenhou o projecto. Por várias vezes, eu disse-lhe que não gostava disto e daquilo. Mas o cabrão levantou a voz, chamou os amigos, disseram: “pões um cortinado, tapas assim, tapas assado…” e eu, que não gosto de conflitos, deixei passar. Eu voltava a insistir, e o gajo levantava a voz, e… a mesma filha da puta da mesma história. E eu decidi: “OK, gritas agora, mas depois eu mudo isto durante a obra”.
O filho da puta (protegido por lei) visita a obra semanalmente e deu de caras com as alterações. Foi o caralho. Desatou aos berros. Mandou parar a obra (o que não pode fazer). Ameaçou-me de que não assina as telas finais e que eu não consigo obter a licença de habitação.
Eu sou um gajo porreiro enquanto não me pisam os calos. Mas se isso acontece, não podem ter pior inimigo. O cabrão do Jorge ao pé de mim é um cordeirinho de Páscoa. Neste momento eu sinto-me assim uma espécie de Estaline ou de Pinochet e portanto vou dar-lhe um murro no meio dos olhos, esmagar-lhe o nariz, fazê-lo desaparecer da minha vista.
Os meus queridos leitores podem estar a pensar: “este gajo está para aqui a ladrar, mas não morde”. Puro engano, meus caros leitores, puro engano. Isto é, realmente, uma catarse. Eu venho para aqui ladrar, para não bater em alguém fora de tempo. Tudo tem um tempo. E, neste caso, a vingança serve-se fria.
Deixe um comentário