Os espiões, conhecedores de importantes segredos do estado, são como os militares: quando se portam mal devem ser abatidos.
Mas não deixa de ser um morte fodida: ingerir polónio.
Georges Dumèzil, filologista francês proponente da existência de uma ideologia tripartida nas sociedades indo-europeias (e não só, também nas nórdicas), encontrou, nas referidas sociedades, três classes sociais: o clero, os guerreiros e o povo. O clero define as linhas gerais do curso da sociedade; os guerreiros – geralmente nobres – defendem a sociedade das agressões do mundo exterior; o povo trabalha, paga impostos, cumpre as regras da sociedade e tem direito a ser defendido. Na minha interpretação da hipótese trifuncional de Dumèzil, os espiões cabem dentro da categoria dos guerreiros, são utilizados para defender a sua sociedade, morrem por causas nobres como os bombistas suicidas, são carne para canhão. Se perdem o Norte, devem ser abatidos como cães. Todos nós, povo, devemos exigir que assim seja. Isto não invalida que a quantidade de polónio que circula actualmente em Londres não deva causar um incidente diplomático sem precedentes entre a Grã-Bretanha e a Rússia.
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