O Sobrenatural

Uma grande amiga deitou-se na cama a ler.
De repente, e do nada, a porta do quarto fechou-se.
Não havia janelas nem portas abertas para o exterior, não havia correntes de ar.

“O sobrenatural existe”, concluiu ela, de olhos bem abertos.
E os olhos mantiveram-se abertos quase a noite toda.
E durante a noite toda ela soube que o sobrenatural existia.

Já os pássaros chilreavam, aos primeiros clarões do dia, quando o cansaço venceu a excitação, e adormeceu.
Acordou com a esperança de uma criança no coração.
Rebentava de felicidade por lhe ter sido dada uma oportunidade que poucos presenciaram.

Levantou-se e reparou num almofadão grande, no chão, encostado à porta.
Um almofadão que costumava estar aos pês da cama.
Um almofadão que tinha caído, empurrado e fechado a porta na noite anterior.


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