1959 – Os EUA colocaram 45 mísseis Júpiter com ogivas nucleares, na Europa, apontados para a URSS. 30 mísseis em Itália e 15 mísseis na Turquia.
1962 – A URSS tentou colocar mísseis nucleares, em Cuba, apontados para os EUA, mas não conseguiu. Isso levou ao bloqueio naval de outubro, e quase a uma guerra nuclear. Mantém-se o embargo a Cuba, desde então.
1967 – Lyndon Johnson (36º presidente dos EUA) propôs conversações para se chegar a um acordo entre os EUA e a URSS sobre o número de armas estratégicas instaladas pelos dois blocos.
Lyndon poderá ter ficado apreensivo quando soube que a URSS tinha construído uma barreira anti-míssil à volta de Moscovo, e decidiu avançar com o acordo.
“During the late 1960s, the United States learned that the Soviet Union had embarked upon a massive Intercontinental Ballistic Missile (ICBM) buildup designed to reach parity with the United States. In January 1967, President Lyndon Johnson announced that the Soviet Union had begun to construct a limited Anti-Ballistic Missile (ABM) defense system around Moscow. The development of an ABM system could allow one side to launch a first strike and then prevent the other from retaliating by shooting down incoming missiles.” (https://history.state.gov/milestones/1969-1976/salt)
1972 – Em maio, Nixon e Brejnev assinaram o acordo SALT I. O acordo limitava a cerca de 11000 o número de mísseis ativos em cada bloco.
1979 – Em junho, Carter e Brejnev assinaram o acordo SALT II, onde limitavam o número de dispositivos de lançamento de mísseis nucleares a 2250, de parte a parte. Negociaram e acordaram, também, os mecanismos de verificação das armas instaladas pela outra parte.
1991 – Em julho, George W. Bush e Mikhail Gorbachev assinaram o acordo START I, onde limitaram a instalação de mísseis nucleares a cerca de 2500.
2010 – Em abril, Obama e Medvedev assinaram o acordo New START, onde limitaram a instalação de mísseis nucleares a 1550, de parte a parte, com verificações, no local, pelo outro bloco, para além dos controlos feitos por satélite.
2019 – Os EUA anunciaram a saída do Tratado de Forças Nucleares de Alcance Intermediário.
2020 – Em fevereiro, Trump anunciou que queria reatar as conversações para a limitação de armas estratégicas (nucleares) com a Rússia. As negociações não tiveram resultados.
2021 – Putin pediu a Biden para reatar as negociações para extensão do New START. Em janeiro, o tratado foi estendido por 6 anos, até 2026.
Porquê esta guerra afinal?
1990 – Após a desagregação da URSS, o secretário geral da NATO anunciou que a NATO não se iria expandir para leste da Alemanha, dando uma garantia de segurança à Rússia.
“This will also be true of a united Germany in NATO. The very fact that we are ready not to deploy NATO troops beyond the territory of the Federal Republic gives the Soviet Union firm security guarantees.” (https://www.nato.int/docu/speech/1990/s900517a_e.htm)
No entanto, a NATO expandiu-se para leste, aproveitando a aparente debilitação militar e económica da Rússia. Para a Rússia, este avanço foi uma afronta, e causou sentimentos de insegurança, tal como a crise dos mísseis de Cuba causou aos EUA.
Acresceu, a isto tudo, o facto da Ucrânia ter pedido a adesão à NATO.
Como é que o Putin deveria ter respondido?
Podia ter escolhido a guerra, ou ter optado por bloquear o fornecimento de gás e petróleo à Europa.
Talvez tenha pensado que a guerra lhe traria menos prejuízos.
Foi a pior escolha: o epíteto de criminoso já ninguém lho tira.
Mas será Putin o único culpado da invasão à Ucrânia? Eu diria que não. A meu ver, os EUA, a NATO e, por arrasto, a Europa, têm 40% das responsabilidades desta guerra. O ocidente escostou a Rússia a um canto e forçou este desfecho. Os EUA souberam da invasão 15 dias antes (anunciaram-na a todo o mundo com antecedência) e não se sentaram à mesa das negociações. Bastava uma frase: “rejeitamos a entrada da Ucrânia na NATO”. A auto-determinação é uma quimera, quando a segurança dos povos fala mais alto.
Putin tem os restante 60% de responsabilidade. Podia ter escolhido cortar o fornecimento dos combustíveis à Europa.
Hoje, todos os comentadores de direita acusaram o PCP de ser extremista por não ter assistido à palestra de Zelensky na Assembleia da República. Mas quando temos dois blocos em confronto, quem apoia um dos blocos é que é extremista, por definição: está a apoiar um dos extremos. E quem apela à paz e à conciliação é tudo menos extremista.
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