Há três meses atrás, ia eu a chegar à praia (da Mata), e vinha um casal a sair.
E diz ele para ela: “Isto é mesmo margem sul”.
Fartei-me de pensar o que quereria ele dizer com aquilo. Irritou-me e pensei para mim: “Não gostas? Porque não ficas tu com as tuas praias da margem norte? As praias da caca ralinha, como dizia o Herman José? Oeiras, Paço d’Arcos, etc.”
Na semana passada, fui a uma praia mais organizada, em São João da Caparica – que detestei, perceba-se – com sombreiros a imitar coqueiros, espreguiçadeiras enfeitadas com meninas bronzeadas de biquinis brilhantes, cabelos de coiffeur, bebidas exóticas com gelo e palhinha na mão. Lá atrás, no parque de estacionamento, bólides, todos todos eles acima dos cem mil. Nada disto é margem sul.
Percebi, então, o que o outro personagem queria dizer. Um mundo sem significado.
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