Histórias do Algarve III

A comer alcaparras, enquanto recordo Benagil de ’78, que era a imagem viva do Stromboli, do Roberto Rossellini. Já não há nada disso em Benagil.

Benagil é um não-lugar, no sentido que lhe deu Marc Augé. Um sítio não-sítio, igual a tantos outros: vivendas para turistas, com parqueamento privado à porta; escada bonita e empedrada até à praia, uma fila de veraneantes a inscreverem-se para um passeio de barco pelas grutas marinhas…

Nada de velhas vestidas de preto, com lenço, também preto, na cabeça, a gritar, do alto da falésia, “o almoço está pronto”, enquanto os filhos da terra recebiam os amigos lisboetas, lá em baixo, na praia selvagem – mesmo selvagem, vocês nem imaginam – e livre.

E o único elo que liga todas estas realidades são as alcaparras mediterrânicas,… e a minha memória.


Publicado

em

por

Etiquetas:

Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *