Os novos caralhos


Os emigrantes portugueses em França, dos anos 50 e 60, eram conhecidos pelos “carrálhos”, porque andavam sempre com o “caralho” na boca. Na maioria, tornaram-se pedreiros e porteiras, sem qualquer formação académica, e, por isso, foram facilmente rotulados por uma xenofobia (maioritária?) francesa.

Nos anos 80 e 90, a emigração foi mais modesta. Limitou-se quase a alguns desgarrados vítimas da heroína, que não chegavam a horas ao emprego, aqui em Portugal.

Depois veio o Passos – com a sua política fundamentalista económica – e a emigração voltou a explodir: triturou carne e ossos para salvar papel fiduciário; e criou uma nova trupe de deslocados, alguns deles ressabiados, com instrução elevada, que facilmente se tornaram detratores do país onde nasceram.

São os novos caralhos. Piores – muito piores – que os antigos “carrálhos”, porque são mais instruídos, e, por isso, manipuladores da opinião pública em geral. Mas se os ouvirmos falar, são apenas ressabiados e ignorantes.

Por exemplo, ainda ontem tive uma discussão com um anónimo, que nos apelidou de “Portugal dos Pequeninos”, porque em Espanha, ele “desloca-se” às Finanças, espera “apenas” 20 minutos para ser atendido, e depois desloca-se de volta para casa, tendo pago o estacionamento do carro, e gasto gasolina, e por aí fora. Eu disse-lhe – como já disse a outro ressabiado – que em Portugal não me desloco, faço isso tudo pela net em 5 minutos. Que a única vantagem que vejo na “solução” espanhola é poder ver gajas boas pelo caminho.

Mas estes portugueses emigrados ressabiados pequeninos – e conheço muitos – têm igualmente um cérebro muito pequenino. São os novos caralhos.


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