Fui ver e ouvir o concerto da 9ª sinfonia de Bethoven no Teatro Nacional de São Carlos.
O concerto começou com uma peça contemporânea. Quem é que escreveu aquilo? O Tony Carreira? O primeiro andamento parecia um plágio do The Purple Lagoon do Frank Zappa, com menos solos. O estilo foi mudando ao longo do concerto, passou de um estilo mais contemporâneo (Zappa, Jorge Peixinho, Shostakovich) a um estilo mais clássico e calmo, para voltar à agitação no final. Mas o que eu queria era ouvir a 9ª sinfonia.
O intervalo foi longo e quase desesperei, “À espera de Beethoven”.
Os músicos voltaram e a maestrina deu início ao concerto… Mas não do que eu estava à espera.
Agradeço ao oboé por, a meio do 2º andamento, ter colocado o ritmo do concerto no devido lugar.
O concerto começou lento e com pouca força. Os (vinte) violinos não mostravam garra, e a trompa parecia tocar em surdina. O trompista ainda tentou duas vezes tocar um pouco mais alto, mas a maestrina olhou-o de frente e acalmou-o com a mão esquerda.
Tocava-se a nona ao ritmo da quarta. quando, a meio do 2º andamento, num ato de traição ou revolta, um solo de oboé mudou tudo: acelerou ligeiramente o ritmo e aumentou o volume das filas traseiras.
A partir daí, sim, ouviu-se a nona sinfonia. Mas foi só até chegar o coro, que voltou a abrandar o ritmo no andamento final.
Antes de concluir, uma ressalva: eu talvez conseguisse tocar a campainha que anuncia o início do concerto, e só isso. Mas concluo dizendo que gostei mais do concerto da Orquestra Metropolitana de Lisboa no Terreiro do Paço.
Durante o espetáculo, com o passar do tempo, a sala começou a ficar mais quente, o que me provocou algum incómodo e comichão. Foi quando me cocei que percebi que as minhas mãos exalavam um cheiro a barrigas de atum que tinha assado ao almoço, enquanto, à minha volta, fluiam fragâncias Chanel, Kenzo, e sei lá mais o quê… Também nisso um concerto ao ar livre é mais agradável.
Deixe um comentário