Isto não é sobre o sarampo, nem sobre as vacinas do sarampo, nem o crl. Isto é sobre a falta de rigor das notícias e dos discursos de uma data de “peritos”. E sobre uma certa falta de vergonha. A história inicial era de que uma rapariga morreu de sarampo no hospital porque os pais não a vacinaram. Presume-se que a rapariga apanhou o sarampo e foi para o hospital e que o sistema imunitário da miúda não a conseguiu proteger por ela não ter sido vacinada. Os peritos dizem que a vacinação é importante e escrevem nos jornais que a morte é desnecessária porque a vacina é extremamente eficaz. E que são muito raros os casos de pessoas vacinadas que apanham sarampo. Exige-se a vacinação de todas as crianças. Culpam-se os pais por não terem cumprido a vacinação obrigatória e há quem peça a prisão dos pais.
A história uma semana depois: Afinal a vacinação contra o sarampo não era obrigatória pelo que pedir a prisão dos pais era legalmente um disparate. Afinal a rapariga tinha tomado a primeira dose mas tinha tido um choque anafilático, pelo que o médico considerou melhor não lhe dar outra dose. Afinal a causa do internamento não foi o sarampo, mas mononucleose, uma doença que afecta o sistema imunitário e que portanto a desarmou face ao sarampo e às complicações posteriores que levaram à sua morte. Afinal a rapariga não apanhou o sarampo antes de ir para o hospital, mas sim no hospital. Afinal é de equacionar a eventualidade de uma responsabilidade do hospital. E apanhou o sarampo de um bebé que afinal não tinha idade para ser vacinado. Afinal metade das pessoas que apanharam o sarampo tinham sido vacinadas. Afinal muitos dos casos de sarampo pela Europa fora serão dificilmente evitáveis porque acontecem a crianças que ainda não estão em idade de ser vacinadas.
Bem que podiam ter tido mais rigor, mais respeito pela dor daquela família, mais recato e menos extremismo. Mas os merdia de referência hoje são isto e futebol.
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