Sentado num banco de um jardim em Almada, encetei conversa com duas idosas testemunhas de Jeová. Estava bem disposto, e fui deixando-as falar.
Isto passou-se há uns anos atrás. Agora elas usam outra abordagem, orientações vindas lá da terra do Trump & Cia: um placard com revistas e uma mensagem “oferecemos estudos da bíblia grátis”, com duas meninas bonitas, e de saia por cima do joelho, a sorrirem para nós.
Falaram da Grande Guerra e dos sobreviventes que ainda nos mantêm vivos, pois com a morte do último, chega também o apocalipse – ou a revelação, segundo elas.
Mas o mais interessante da conversa foi saber que este deus, de seu nome Jeová, lhes prometeu – não sei se na bíblia, se nas hadiths – que quando chegar o Grande Terramoto, os seus seguidores serão todos deitados numa mesa de operações e ser-lhes-ão implantados dentes postiços, para poderem exibir um sorriso pepsodent para toda a eternidade…
O dylan, de seu nome zimmerman, não merecia o prémio nobel. Mas pronto, está dado, está dado. Era deus, quem o merecia. Este deus, tão inventivo e cheio de cores e alegria, que espalha sonhos e felicidade, esperança e vontade de viver, ou de morrer. Escreve e inspira milhões de criaturas de hoje, do passado e, certamente também, dos tempos que aí vêm.
Ó comissão nobel, reconsidera a atribuição do prémio da literatura ao dylan, ou então pondera atribuir o do próximo ano a este grande deus invisível, com obra comprovada e tão admirada, este autor que inspira crentes do polo norte à Tasmânia, um artista de inventividade indiscutível.
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