Estado.
Não posso ou não consigo fazer fotografia.
Não posso ou não consigo tocar saxofone.
Não posso ou não consigo estar em paz comigo.
Não posso ou não consigo estar com a Maria e os miúdos.
Não posso ou não consigo estar com os meus pais.
Não posso ou não consigo tratar da horta e das árvores.
Tenho que pagar as contas e perder todo o meu tempo a arranjar dinheiro que se esgota nos compromissos.
Sonhos.
Muitos, todos os dias.
Inconsequentes, incompatíveis com sucesso ou rentabilidade, mas sinónimos de bem estar e felicidade.
Escapam-se nalgumas nesgas do tempo. Voam alto, respiram, dão-me ânimo, e são logo de seguida acorrentados pela polícia das boas práticas. Boas práticas…, na carta por pontos já não guio.
Parei.
Deixei de correr, como um louco, atrás dos sonhos.
Observo os traços que se desenham à minha frente. Procuro uma saída, em silêncio.
Saber ver. Saber saber ver. Saber saber observar. É uma aprendizagem custosa. Já criei e inventei tanta coisa… aprender a solução não deve ser difícil. Não deve ser impossível.
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