No artigo “Colapso de ilhas vulcânicas pode causar megatsunamis“, o DN descreve um estudo de investigadores portugueses sobre a possibilidade de a queda das paredes dos vulcões poder causar megatsunamis. O estudo refere-se em particular ao vulcão da ilha do Fogo em Cabo Verde.
Quando subi o vulcão do Fogo em setembro de 1994, fiquei impressionado com a falta de uma parede – a parede leste – que ficava numa encosta bastante vertical da ilha. Mas fiquei ainda mais impressionado com o tamanho do cone que sugeria uma altitude anterior da ilha talvez de 5000 metros.
O estudo afirma que a parede leste caiu há 73 mil anos e provocou um tsunami com uma onda de 270 m de altura que atingiu na ilha de Santiago, 55 km a leste, zonas que atualmente estão a 220 m de altura (o mar está hoje 50 m acima do que estava na altura). E é dessa forma que justificam o aparecimento de alguns blocos rochosos, aparentemente provenientes do Fogo, em Santiago.
Ora, um desses blocos tem 700 toneladas. E os investigadores propõem que o bloco foi levado pela onda. Que forma mais estranha de tentar validar uma teoria: “uma onda de 270 m transportar um bloco de pedra de 700 toneladas durante 55 km”. Não consigo aceitar isto.
Não refuto a hipótese da onda criada pela queda abrupta da parede – apesar de um estudo francês de 2011 ter aventado a hipótese de queda faseada – mas sim que essa onda tenha projetado ou transportado um bloco de 700 toneladas durante 55 km. Acho mais plausível que um vulcão, que deve ter tido 5 km de altura no passado, pudesse cuspir e projetar blocos de pedra e outros sedimentos até Santiago.
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