O maior exército europeu da NATO é o da Turquia. Por um lado, isso é consequência longínqua da visão de Ataturk, por outro é consequência próxima da vizinhança e inimizade com a URSS e aliados. Hoje, a Turquia é governada por um partido islâmico, um bocado à revelia da laicidade histórica do país.
Existe muita ambiguidade nas relações com a Turquia. A UE quer mas não quer a Turquia; a Turquia quer mas não quer a UE. Os EUA têm no exército turco um aliado histórico; os inimigos kurdos da Turquia têm nos EUA o único aliado. Para complicar ainda mais, o petróleo curdo sai pela Turquia e essa é também a principal via de reabastecimento das tropas dos EUA no Iraque. Um grande caldeirada.
Há ambiguidade sempre que um partido não democrático se candidata a eleições democráticas. E, sobretudo, quando vence. É o que se passa na Turquia. É o que se passou na Argélia. Na Argélia ilegalizaram o partido que venceu as eleições. É arriscado. Safaram-se. Na Turquia pretendem ilegalizar um partido que é simultaneamente o do governo, há seis anos, e o do presidente. É complicado. É muito arriscado.
Ontem um procurador-geral pediu a ilegalização do partido do poder. Pediu também que o primeiro-ministro e o presidente fossem erradicados da vida política por 5 anos. A bolsa caíu. O médio-oriente está a ficar uma coisa engraçada.
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