No dia 24 de Junho morreu uma idosa de 74 anos que andava aos caracóis no Allgarve. Foi atacada por um cão. O cão matou-a. O jornal publicou a notícia. Nunca mais se ouviu falar do assunto. Como de costume, o país ficou impávido.
No mesmo dia 24 de Junho um gajo qualquer andava a ceifar em Aveiro. A ceifeira atropelou um cão. O jornal publicou a notícia. Os comentários de indignação choveram no jornal, pela internet, organizaram-se listas de sites onde colocar comentários, fizeram-se petições, etc. Devem ser todos vegetarianos.
A demência instalou-se. Morrendo uma pessoa e um cão no mesmo dia, a atenção vira-se para o cão. É essa a prioridade do país. Ou não. É pelo menos a prioridade de minorias que fazem barulho. Impressiona a facilidade com que se responsabiliza alguém pela morte de um cão e se desresponsabiliza quem quer que seja pela morte de uma pessoa. No mesmo dia! Impressiona a facilidade com que, em portugal, há gente que se indigna com a morte de um cão por uma pessoa e ignora a morte de uma pessoa por um cão. No mesmo dia!
É indescritível!
Não há vergonha! Nenhuma!
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