Formação lava mais branco


Apanhei um antigo governante no Cais do Sodré que me pôs a circular por Lisboa à noite. Tinha estado a comer uns “petiscos” na rua de trás e estava à espera de um telefonema…

Tinha um cabelo grisalho e falava mal inglês, mas não me lembro do nome dele… mas não faz mal.

“Está sim, Ricardo, onde é que te apanho? OK, vou já para lá.” E fomos.

À chegada, o ex-governante abriu a porta e entrou o Ricardo DDT com uma pasta na mão. Cumprimentaram-se e mandaram-me circular, mais uma vez, pelas ruas mais estreitas e escuras que pudesse.

“Tás porreiro, pá”, disse o tal ex-governante, mas o outro atalhou e foi logo direto ao assunto: “No teu tempo é que era bom, ó Zé, agora com o Passos estragaram-me o negócio todo.”

E lá continuaram com a conversa enquanto deambulávamos pelas ruas mais esconsas da capital, por entre meninas e chulos, teenagers, coca e muita cerveja.

“Mas tenho aqui uma bomba”, disse o DDT “que vai fazer cair o puto”. “Tenho aqui os extratos bancários do gajo e os papéis da tal empresa de formação, e também da ONG que lavava dinheiro de Angola”.

“Porreiro, pá! Isso é que vai ser uma festa”, adiantou o ex-governante.

“Pois é. Mas vamos fazer isto com calma. Uma coisa de cada vez. Um tiro por semana até à estocada final. Que dizes?”

“Porreiro, pá. Estou nessa.”

Pararam numa casa de meninas e pagaram-me com fundos tóxicos. Nem uma cerveja?
Estamos sempre a aprender.


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