sócrates e os camionistas

O camionista é uma criatura temível, está entre o homem de Cromagnon e o de Neanderthal, semi-bêbedo, mal lavado e malcriado. Frequentemente cheira a colhões. As manifestações de camionistas são feitas por barrigudos alcoolizados que se esqueceram de tomar banho, dopados à nascença. Os nossos intelectuais odeiam camionistas.

O sócrates, por seu lado, toma banho e está sempre arranjadinho. A nossa intelectualidade gosta disso. É uma intelectualidade do sabão e do sabonete que mede o valor dos outros pelo número de litros de água que gastam a tomar banho. Na verdade, o sócrates é aquela coisa intragável que se sabe: qualquer coisa entre o jogo de um blair aldrabão e a fúria de um extremista islâmico, assente numa base nacional de salazarismo e enfeitada com uns tiques marados.

Perante o confronto destes dois titãs – sócrates e os camionistas – o povo fica indeciso entre o doce prazer de ver o sócrates à rasca, com os colhões bem apertados, e a ausência de simpatia por uma classe que nunca a teve e que comete o crime-mor de pôr em causa a nossa paz e aquilo que temos por garantido: transportes para o emprego, comida, etc. Tal como num jogo de futebol em que não se gosta de nenhuma das equipas, o povo interroga-se: “-Não podem perder os dois?”


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Um comentário a “sócrates e os camionistas”

  1. Avatar de carnide
    carnide

    Chamem o Pinto da Costa, que ele consegue esse resultado.

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