A greve, desculpem, paralisação, dos camionistas vem aí. Para se perceber melhor o que está a acontecer aqui vão algumas tiradas. A ANTRAM, associação que representa as empresas do sector, está contra a greve. O sindicato dos camionistas está contra a greve. O governo, claro, está contra a greve. Toda a gente está contra a greve, menos os grevistas, claro.
Está em causa o abastecimento de arroz, batatas, pão, fruta, etc., e a paralisação da actividade económica. No Chile acabaram de fazer uma igual e ao fim de algum tempo o governo decidiu devolver-lhes o dinheiro dos combustíveis, dos impostos, de tudo, ou seja, deu o cú e mais cinco tostões e mais tudo o que tinha para dar. Talvez por isso, os grevistas decidiram mandar às urtigas a associação que os representava, ANTRAM, e acharam que se governavam melhor sem ela.
Os grevistas prometem piquetes de greve. Sabe-se que isso significa nestas coisas que os que querem fazem greve e os outros fazem também se não quiserem constipar-se. A greve dos camionistas em portugal acontece em simultâneo com greves em França e em Espanha, sítios onde já se sabe que não é conveniente passear de camião quando há uma greve dos respectivos.
Greve? Qual greve? O nome greve é um bocado falacioso porque greve quer dizer trabalhadores contra patrões. Não é o caso. Esta situação é de outro tipo, é aquilo que se podia designar por greve sectorial, ou seja, uma greve em que um sector, patrões, empregados e trabalhadores independentes se juntam para lutar pelos seus interesses. Este nome, greve sectorial, é um nome que convém fixar pois o futuro da conflitualidade social passa provavelmente muito mais por aí do que pelo conceito tradicional de greve.
Deixe um comentário