Dois pares

Dois pares de vinhos. O primeiro forma o eixo norte-sul. O segundo, o eixo leste-oeste. O primeiro, mais denso, doce e alcoólico. O segundo, mais áspero, acre e leve. Mas vamos a eles.

O primeiro par

Xico Garcia, Alentejo tinto 2011, 14% de álcool, Aragonez, Alicante Bouschet, Trincadeira e Alfrocheiro. Bebi-o em Barrancos, a acompanhar migas com carnes de alguidar, e escolhi-o porque já há muito tempo não via uma garrafa do Francisco Nunes Garcia. Têm andado desaparecidos dos hipermercados. Deve-se ter zangado com as condições de pagamento e a exigência de preços baixos. Quanto ao vinho, é um vinho bastante denso e doce, parece geleia de amora refinada pelas planícies alentejanas escaldantes. Onde é que isto se vende?

Encostas do Tua, Douro tinto 2008, 13,5% de álcool, Touriga Nacional, Tinta Roriz, Touriga Franca e Tinta Barroca, 10 meses em carvalho francês. Um pouco menos denso que o anterior e também menos alcoólico, mas com um sabor quase tão intenso. Muito doce, mas nota-se um pouco mais de acidez e adstringência. Um vinho excelente, atualmente em saldo nos hipermercados.

O segundo par

Terras de Stº António, Dão tinto 2006, 13% de álcool, Touriga Nacional, Alfrocheiro e Tinta Roriz. Um vinho com 7 anos, mas muito bem conservado. Com um sabor mais próximo do Douro do que do Dão. Menos encorpado que os dois anteriores, mais acre, com um sabor a vinho bem amadurecido pelo tempo. Vou comprar mais.

Cantanhede, Beiras tinto 2010, 12,5% de álcool, Baga. Um vinho tradicional das Beiras (Beira Litoral), feito quase exclusivamente com casta Baga, pouco álcool, um travo ligeiro a vinho velho, seco, sem corpo. Tem o sabor mais acre e velho de todos os quatro, mas está muito mais próximo do anterior do que dos outros dois. É um vinho para consumo corrente e já foi adotado por estes sítios.


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