Eram dias de vento fresco na cara. Eram dias de sol de primavera. Eram dias de construir e de inventar o mundo. Tinham um mundo à sua frente.
O ratazana conseguiu o apoio para abrir um banco e, muitos anos mais tarde, começou a pagar os favores aos amigos.
– “Compra umas ações, que no próximo ano – já fora da janela das mais valias – eu devolvo-te 250%.”
– “Mas como é que isso é possível?”, inquiriu o palhaço.
– “Não te preocupes”, retorquiu o ratazana, “absorvemos isso com os lucros futuros do banco”.
E, de lucros futuros em lucros futuros, o banco do ratazana ia acumulando clientes importantes, clientes do sol de primavera, clientes do vento fesco na cara, e outros menos importantes, mas importantes porque deixavam lá o dinheiro.
O vento mudou, e ela não voltou. A desconfiança instalou-se, mas o dinheiro tinha-se escoado para os bolsos do palhaço e seus amigos. Sobrou para os outros. Sobrou para os de sempre, sobrou para nós.
Mas o palhaço continua a comer e a beber à nossa conta e a falar da Nossa Senhora.
Deixe um comentário