P: Não percebo o mercado liberal do gás e da eletricidade. Então se eu mudar de fornecedor de gás vão ter que instalar canalização nova até à minha casa? E o novo fornecedor de eletricidade tem que colocar cabos novos também? Vão andar a abir buracos no chão todas as semanas para enterrar novos canos e tubos, coladinhos uns aos outros (gás e faíscas) ao ritmos e à medida que chegarem novos fornecedores ao mercado?
R: Não. É por isso que separaram o fornecimento e a distribuição. Dessa forma há apenas um canal de distribuição e diversos fornecedores. A tubagem de gás é única e as linhas elétricas de distribuição são únicas também.
P: Mas como é que o fornecedor sabe quanto gás ou quanta eletricidade é que tem que injetar no canal para alimentar o consumo dos seus clientes? Como é que conseguem prever o que é que o cliente vai consumir, antes de consumir?
R: Na outra extremidade do canal está o produtor que pode ser único ou não. O distribuidor só canaliza.
P: E esse distribuidor usa os canais que já estavam instalados pela EDP e pela GALP? Isto foi apenas uma negociata para venda do canal de distribuição e encaixe financeiro?
R: Não apenas.
P: Humm. Então se os distribuidores usam todos o mesmo canal e compram todos aos mesmo produtores, também concertam os preços entre si. E são supérfluos. São apenas mais um sorvedouro de dinheiro do cliente final. São apenas mais um grupo de amigos dos decisosres a cobrar uma taxa de serviço. Mercado liberal, com preços concertados, para um serviço supérfluo. É uma mais valia para os decisores e uma menos valia para os consumidores. É assim como aquele dinheiro que fugiu dos bolsos dos contribuintes para pagar o buraco do BPN, que encheu os bolsos do Cavaco e da filha. É isso?
R: Mais ou menos.
P: O mercado liberal é como a democracia dos bancos.
R: ???
P: Depois dos totalitarismos e ditaduras vieram as democracias, mas os nossos votos vão todos para os mesmos: os bancos e outros magnatas que são donos do nosso sangue. Eram-no antes e continuam a sê-lo.