O Corrupto

ERC diz que PÚBLICO não foi alvo de “pressões ilícitas” de Relvas
A ERC concluiu que o ministro não fez “pressões ilícitas” ao jornal ou à jornalista Maria José Oliveira…

Pois bem. Aqui vai a minha história.

Na semana passada, ouvi um debate na RTP2, à noite (não me lembro o dia, mas foi a 12 ou 13 de Junho), com o bastonário da ordem dos advogados Marinho Pinto, o multitarefeiro Moita Flores e o juiz desembargador Rui Rangel. O Marinho Pinto estava indignado pois tinha tido conhecimento que o SIS, ou o tal espião por conta própria Jorge Silva Carvalho, tinham informações sobre a sua vida pessoal privada. Dele, Marinho Pinto, assim como de muitos outros cidadãos com cargos importantes, tal como o Pinto Balsemão. E, segundo as palavras do Marinho Pinto, recolher informações sobre a sua vida pública é lícito, mas não sobre a sua vida privada, palavras com que todos os outros concordaram. E disse mais: não queria que essas informações fossem eliminadas, agora que descoberto o ato e trazido a público, porque queria lê-las e decidir se processaria judicialmente os responsáveis. Rui Rangel concordou.

Mas para além de terem recolhido dados da vida privada de cidadãos com cargos relevantes, esses tais ainda anónimos recolheram e catalogaram também dados da vida privada (ato ilegal) de 75% dos jornalistas portugueses, ainda segundo as informações que, nas palavras de Marinho Pinto, tinham vindo a público e chegado ao seu conhecimento.

Agora a minha interpretação dos factos. O Silva Carvalho, ou o SIS a seu pedido, recolheu ilegalmente dados da vida privada de 75% dos jornaliastas portugueses. A jornalista do Público, Maria José Oliveira, queixou-se de Miguel Relvas ter ameaçado divulgar dados da sua vida privada. Como é que o ministro Miguel Relvas sabia que podia revelar dados da vida privada da jornalista? Porque teve acesso – ilegalmente – a essa informação do SIS, por via do seu grande amigo Silva Carvalho. E digo ilegalmente porque só o primeiro ministro pode ter acesso a essas informações.
Note-se que o Miguel Relvas não assumiu ter dito que revelaria dados da vida privada da jornalista. Quem diz que ele disse, foi a jornalista. Mas reparem na expressão utilizada por ela: dados da vida privada. É a mesma que o Marinho Pinto usou. É uma expressão particular. É a expressão utilizada nestes casos, para distinguir as duas situações: a lícita (recolha de dados da vida pública), da ilícita (recolha de dados da vida privada). É uma expressão que foi parar à boca da jornalista, porque foi nesses termos que Miguel Relvas a ameaçou, porque foi dessa forma que Silva Carvalho o informou: “Tenho comigo dados dados da vida privada da Maria José Oliveira”.


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