Presidente do BCE diz que modelo social europeu “está morto”
Os valores da solidariedade e da inclusão são eixos do modelo social europeu, mas, tal como existe hoje, não é sustentável a prazo, defende o presidente do Banco Central Europeu (BCE). “O modelo social europeu está morto” e cabe aos Governos da zona euro avançar com reformas que sejam sustentáveis, observa Mario Draghi.
Eu já ando a dizer isto há 17 anos. Quando foi assinado o acordo da OMC, na sequência do GATT, antevi, como provavelmente muitas cabeças pensantes, que a Europa ia morrer.
É claro que muitos se refugiaram na ideia de que a Europa podia sobreviver à custa da inovação enquanto que os países então ainda nem emergentes, se quedariam pela atividade de mão de obra barata: nós seríamos os projetistas e eles os fabricadores. Mas eu refutei: para criar licenciados bastam 5 anos. E mesmo que tenham que começar mais cedo, mesmo que o atraso na educação seja grande nesses países, bastam 5 anos de ensino secundário mais 5 anos de universidade para estarema competir connosco taco a taco.
Ainda há 2 anos atrás discuti isto com um coitado que estava a fazer o doutoramento comigo, e que não queria acreditar no que eu dizia e antevia. Também ele achava que os chineses iam continuar a ser uma massa de mão de obra barata que nós usamos quando nos apetece. Bastou um par de cálculos simples (a evolução do Japão [em 20 anos] desde os brinquedos de usar e deitar fora até à produção de tecnologia de ponta) apoiados num conjunto de acontecimentos (o aumento do desemprego e a pioria das condições sociais na Europa que culminaram com o voto contra dos franceses e dos holandeses, em 2005, ao Tratado Europeu: os que eles realmente referendaram não foi o tratado, mas a perda de poder de compra derivada da OMC) para lhe mostrar que estava errado… mas ele rejeitou a minha argumentação.
Nessa altura, escrevi uma crónica, aqui no Chornal, sobre esse tema e deixei claro que a Europa social estava morta. Agora, 2 anos mais tarde, e 17 anos depois das minhas primeiras antevisões, o presidente do BCE, Mario Draghi vem dizer a mesma coisa. Só agora, sr. economista? Só agora, depois do projeto ter morrido e ter sido enterrado? Agora não serve de nada falar. Agora a única coisa que vale a pena fazer é comprar flores e deixar à beira da campa. Espero que lhe confisquem o ordenado (presente e passado) pela inépcia.
Solução?
Neste momento, os americanos têm uma solução melhor que a nossa. Produzem moeda quando lhes apetece, invadem o mundo com a moeda deles e fazem, com isso, com que não valha a pena desvalorizá-la. Invadem o mundo com os produtos e modo de vida deles, e quem lhes faz frente é invadido, destruído e aculturado. Mas não têm estado social. São uma sociedade agressiva e impiedosa para com os que ficam para trás. Mas o povo gosta disso, ou pelo menos, não tem alternativa. Mas ainda assim, vão ter dificuldades com os chineses.
E nós europeus, se não encontrarmos uma solução criativa, vamos cair todos em menos de 10 anos.
Deixe um comentário