Polvo assado à Paulo Portas

sola furada

Quando era puto, uma das atracções que mais me fascinava nas festas da terra do meu pai era o vendedor de polvo assado. Adorava aquele cheiro nauseabundo do polvo a assar e o sabor ainda mais. Mas nunca tive dinheiro para comprar um daqueles tentáculos mais grossos. Já não me lembro qual era o preço, mas só tinha dinheiro para pedaços da cabeça e pontas de tentáculo tão queimadas que podiam ser usadas como pregos para espetar na parede…

Este ano voltei à festa e procurei o vendedor de polvo assado, que andava a fugir à ASAE. Lá o encontrei montado na motoreta sempre com o motor ligado, pronto para fugir aos controladores alimentares fazedores de dinheiro fácil à custa das tradições que fizeram os meus avós e bisavós fortes e com mais de um século de vida.

Mas ainda não foi desta que eu comi um tentáculo de polvo bem assado na festa da aldeia. Sem subsídio nem ordenado, tive que me contentar com uma sola de sapato mal passada. E acho que até era de borracha…


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Comentários

4 comentários a “Polvo assado à Paulo Portas”

  1. Avatar de alex

    Este é o primeiro artigo do nosso correspondente Cozinheiro Sueco, com histórias verídicas alimentares portuguesas…

    Mais para breve

  2. Avatar de O comilão
    O comilão

    Fogo! Até me cresceu a água na boca…

  3. Avatar de lunatik

    Se acompanhar-mos com a tal Barca Velha eu compro uns tentáculos desses mais grossos.
    Cumps.

  4. Avatar de Maquiavel
    Maquiavel

    O Barca Velha foi feito em sangria…

    … mas quais Barca Velha e Abandonados!
    Tenho ali uma pomada de 2000, compram-se 3 ou 4 pelo mesmo preço!

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