“Quem não votar perde legitimidade para criticar o próximo governo”. É o Cavaco quem o diz. Cavaco só abre a boca para dizer disparates e chavões. Mas quem é o Cavaco para nos dizer o que é legítimo e o que não é?
É legítimo andar a receber ganhos de 100% num “investimento” e ser presidente da república? É legítimo ter um amigo chefe de campanha atafulhado no BPN e discretamente desaparecido para Cabo Verde? É legítimo ter interesses na SLN e nacionalizar o banco da SLN com prejuízos colossais para o país? É legítimo ser presidente e andar a falar do dia da raça? É legítimo ser presidente no regime do 25 de Abril, que se afirmou essencialmente pelo fim do colonialismo, e andar a papaguear o heroísmo de quem fez a guerra colonial? É legítimo nunca ter pronunciado uma palavra de incómodo pelo regime de antes do 25 de Abril, tendo mais de 30 anos à data do 25 de Abril, e hoje ser presidente? É legítimo ser presidente e convocar eleições com um milhão de mortos nas listas?
Querem convencer-nos de que se não votarmos perdemos a legitimidade para exigir os nossos direitos. Uma aldrabice. Desde quando é que temos que votar para ter direito aos nossos direitos? Desde quando é que temos que votar para exigir que os governantes não endividem Portugal até à geração dos nossos filhos? Desde quando é que temos que votar para exigir que os nossos governantes não enriqueçam à nossa custa? Desde quando é que temos que votar para exigir que os doentes tenham acesso a um hospital público? Desde quando é que temos que votar para exigir que não vendam ou dêem toda a água de Portugal a uns gajos quaisquer? Desde quando é que temos que votar para exigir que as nossas propriedades não sejam assaltadas por impostos? Desde quando é que temos que votar para exigir que as reformas dos que hoje são velhos não desapareçam em compras de dívidas a que chamam indevidamente de “soberanas”?
Não precisamos de votar para proteger os nossos direitos essenciais. Esses são direitos essenciais. Não vão a voto. Não vão a jogo. São direitos que se mantêm como tal independentemente dos resultados de uma corrida eleitoral.
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