o que faz falta (III)

A notícia diz que vem aí uma nova lei segundo a qual “a apologia do terrorismo será crime“. Aqui está uma lei que faz falta. Acrescenta-se ainda, à laia de justificação, que noutros países se fez o mesmo, embora não se especifiquem os países. Chega, no entanto, para dar aquela ideia de que se tratam de países civilizados, desenvolvidos, e que não nos faz mal nenhum imitá-los.

Argumenta-se ainda que a UE está a preparar uma directiva nesse sentido, o que nos deixa bastante descansados pois sendo a UE uma instituição de moral inatacável, ficamos assim dispensados de pensar. Claro que fica também aquela ideia, um pouco mais intimidatória, de que se queremos pertencer à UE, coisa inquestionável, até porque nos dão umas sopinhas, então também não devemos fazer muitas perguntas, ou seja, o melhor mesmo é ficar calados.

E, no entanto, isto da “apologia do terrorismo será crime” merece umas palavrinhas. A primeira das quais é a pergunta “quem define o que é terrorismo?”. A luta contra a ocupação do Iraque é terrorismo, desde que não seja pondo o votinho. Uma lei dessas dá para ameaçar todos os que escrevam contra a ocupação do Iraque ou faixa de Gaza. E os que defendam a moderação face a um Irão cujos Guardas da Revolução foram declarados pelos EUA como organização terrorista. E é uma lei vista com bons olhos pelos nossos amigos chineses, que apontam o Dalai Lama como um perigoso terrorista. Ah!Ah!Ah!

Como já estávamos a ficar habituados a viver num regime democrático, estas coisas fazem-nos um bocado de confusão. Mas deve ser por sermos um bocado estúpidos. Afinal de contas talvez isso da liberdade de imprensa e da liberdade de expressão não seja uma coisa tão central na definição do que é um regime democrático.
🙂

P.S.: Para quem quiser ver a notícia toda, basta ir ao site do DN. Aí podem ver duas carinhas que ilustram a notícia, presumindo-se assim que sejam os pais da ideia, ou, pelo menos, seus tios. Olhai para a carinha deles, que aliás diz tudo, graças a deus não enganam ninguém. Um deles é um ex-ministro do salazar, portanto pilar da democracia, ministro do ultramar acho eu. O outro, bem, o outro, basta olhar para a cara dele. Só pode mesmo estar a gozar com os que acham que governantes destes estão preocupados com o regime democrático.


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