mandem comida

O que é que os egípcios querem? Os egípcios querem comida. Os preços da comida estão mais altos do que nunca nos mercados internacionais. O Magrebe está aflito com o preço da comida. Querem-nos fazer crer que a agitação é causada pelo desejo de democracia ou por um fundamentalismo qualquer, de preferência islâmico. Não é.

A agitação é causada pelo nosso fundamentalismo de mercado. O fundamentalismo de mercado ameaça o próprio capitalismo. É o capitalismo suicidário. Que não se importa de gerar as forças que o destroem. A doutrina do fundamentalismo de mercado diz que, a longo prazo, a oferta e a procura se equilibrarão. Infelizmente, as pessoas comem a curto prazo. E quando não comem fazem revoluções. Para os merdia, isso não faz sentido. Os merdia só vagamente vêem uma relação entre o preço dos alimentos e as revoluções do Magrebe. Ver isso era pôr em causa o fundamentalismo de mercado.

Os merdia não querem ver a causa óbvia da agitação. Mas têm que arranjar outras, para nos manter confortáveis. O Obama diz que os egípcios exigem democracia. Uma causa. Treta. Os egípcios já têm democracia. São governados pelo Partido Democrático. Do presidente Moubarak, aliado dos EUA. Não precisam de democracia para nada. Não se ouve um único, dos que estão nas ruas, a berrar por democracia. A europa culpa o islamismo radical, enquanto aponta os caminhos que diz querer para o Egipto. Os caminhos da social-democracia. Caminhos como os do nosso PSD. Caminhos como os do nosso PS, que pertence à Internacional Socialista, tal como o Partido Democrático do presidente Moubarak. Nada do que o ocidente diz sobre o Egipto faz qualquer sentido.

Os egípcios não exigem democracia. Não exigem ocidentalização. Não exigem ser o novo Irão. Exigem comer. Para o ocidente, isso é de um fundamentalismo filho da puta. O ocidente parece ter dificuldade em lidar com isso. Apesar de tudo, hoje, as manifestações abrandaram. Alguém está a enviar comida.


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