Engraçado como de repente descobrimos que ali, onde o Ocidente muda de nome, para além dos patifes oficiais (Da Líbia, da Síria e, claro, do Irão), existem outros patifes.
Uns patifes que, aos nossos olhos de ontem, mais stars and stripes, defendiam os nossos ideais (alguns até eram considerados uns grandes defensores da democracia – o Mubarakas por exemplo) mas que aos olhos de hoje, com lentes facebukas e tvitas, não passam de energumenos do pior. Faz lembrar a história do outro ditadorzeco (hoje quase uma divindade) que existia no Irão (Endeusado porque o tipo que veio a seguir foi aquele do Ai A Tola).
Uns patifes porreiraços (mas que agora já não o são) porque até gostavam de lá ter os turistas (nós) e tinham (e por enquanto ainda têm) uns resorts a preços acessiveis para a classe média média e uns de luxo para a classe média alta e até tinham uns museus porreiros e até se podia sair à noite sem se ser importunado e a gente quando lá ia estava-se positivamente a cagar para o facto de o povo (ou “os outros” porque ninguém de bom senso faz parte dessa entidade) passar fome ou não, ter emprego ou não. Que o que o pessoal quer é ver as pedras e os museus e beber uns copos (de bebidas que aos locais estão vedadas) e tudo aquilo a que têm direito dependendo das fitinhas e do que significa o “tudo incluído”.
Descobrimos agora que esses mafarricos, alguns democraticamente eleitos com o beneplácito ocidental (não fosse o povo pender para o lado dos tipos do Ai A Tola), passaram o tempo a ganhar eleições de forma mais ou menos honesta (E alguns até se deixaram de se dar a esse trabalho por ser uma perda de tempo) e estão lá à 30 anos 30. E achamos que é demais (o Tuga António, que é um Santo, esteve por cá 40 anos e é o Máior Tuga de Sempre e toda a gente o desculpa) e apoiamos (e bem, diga-se) as mudanças mas queixamo-nos dos museus (coitados), como se uma revolta popular fosse o mesmo que ir ao domingo à bola ou ao centro comercial local. Uma coisa ordeira, apática e simpática como as manifestações e greves feitas com pré-aviso.
E com isso andamos entretidos, enquanto pela Europa os governos burocráticos se tornam cada vez mais déspotas e o povo (os outros! Os outros!!) cada vez mais apático e “Maria vai c’as outras” . Para quando umas manifestações de um milhão de homens (e mulheres que a gente aqui é pela igualdade entre os sexos) na Europa?
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