Quando interrogado sobre se foi beneficiado na compra ou na venda das acções da SLN, Cavaco responde sobre outro assunto. Disse, e toda a gente o ouviu, que a venda constava da sua declaração de IRS, não tinha omitido nada e por isso era tudo legal. Mas não foi isso que lhe foi perguntado.
Marques Mendes, sobre o mesmo assunto, respondeu mais perto. Disse, e toda a gente o ouviu, que a venda do Cavaco e da filha foi feita abaixo dos valores praticados então, ou seja, até foi prejudicado. Mas a questão mais importante também não é essa.
Então qual é a questão fundamental deste caso?
As acções da SLN eram vendidas e compradas a valores inventados. O mercado, quando funciona, já é difícil de explicar. Mas no caso da SLN, o preço era feito de outra forma. Perguntavam ao (amigo) comprador:
“Quanto é que o Senhor quer ganhar?”
“Um milhão”, respondia o amigo comprador do PSD.
“Então compre agora um milhão de acções a um euro, e venda-as a dois euros daqui a um ano, para não pagar mais valias. E se não tiver dinheiro, a gente arranja-lhe um empréstimo do BdP a um juro convidativo, que temos lá amigos.”
Se o amigo comprador fosse um tipo consciencioso (o que não é o caso dos amigos compradores do PSD), ainda podia perguntar: “Mas de onde é que vem esse dinheiro? Como é que me podem pagar 100% ou mesmo 140% ao fim de um ano apenas? 140%? Isso é a riqueza que a China demora a criar em 10 anos…”
“Não se preocupe”, responder-lhe-iam do outro lado. “Isto vem tudo dos depósitos dos clientes do BPN. Enquanto houver dinheiro de depósitos a entrar, vai haver dinheiro para os amigos a sair, e ninguém dá por nada. E daqui a muitos anos… talvez 100 anos, o dinheiro é reposto naturalmente…”
Infelizmente a história acabou mal, e quem pagou os ganhos do Cavaco e amigos fomos todos nós. Somos todos nós e vamos continuar a ser nós, os nossos filhos, os netos e bisnetos. Eu quero esses tipos todos presos e as contas deles na Suiça, assim como todo o património deles confiscado.
Já.
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