Gato na abóbora

O nick lá resolveu usar a abóbora que lhe ofereci há 7 semanas atrás.

A ideia inicial era fazer um prato quimérico do qual ouvimos falar numa reunião de especialistas gourmet, para a qual fomos convidados apenas para lavar os pratos: lebre na abóbora.

“Lebre na abóbora?”, pensámos nós. Se eles conseguem nós também conseguimos. E vai daí… marcámos para ontem o grande dia.

Decidimos usar coelho, porque as lebres fugiram para os pratos dos ricos. A crise não perdoa. Mas os óbices não se ficaram por aqui.

Logo pela manhã, ele ligou-me: “A abóbora está podre. Tenho que ir à procura de outra. Isto vai-se atrasar.”

Pensei cá para mim: “E o coelho? Terá fugido? Pelo sim, pelo não levo o meu gato.”

Às 4h da tarde sentámo-nos para almoçar. Não sei se o gato é parecido com o coelho, ou se era o vinho que era bom… uma horizontal de tintos alentejanos de 2008!

Tc & T, Alentejo tinto 2008, 13% de álcool, Tinta Caiada e Trincadeira, 6 meses em carvalho (80% francês e 20% americano). Um sabor imediato a madeira – do carvalho americano – e um toque seco da Tinta Caiada, conferem a esta pomada um galardão de vinho de eleição.

Terras da Amareleja, Alentejo tinto 2008, 13,5% de álcool, Alfrocheiro e Trincadeira. Apesar de aberto meia-hora antes, ainda tinha um ligeiro travo a enxofre, o que dificultou a apreciação. No entanto, o primeiro impacto foi de um líquido homogéneo (eh eh eh), um vinho meio encorpado, com um toque de fruta e um sabor seco e quente do Alfrocheiro. Aconselha-se a abri-lo 2h antes de consumir.

As morenas estavam escassas, mandámos vir uma loira.

Vinhas de Ana Loura, Alentejo tinto 2008, 13% de álcool, Aragonez, Trincadeira e Alicante Bouschet. Um clássico alentejano, com menos madeira que o primeiro, mais doce, fresco e frutado. Um bom substituto das bonecas insufláveis.


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Comentários

2 comentários a “Gato na abóbora”

  1. Avatar de Maquiavel
    Maquiavel

    Mas que raio… a abóbora apodreceu em 7 semanas… o pior é que aquilo larga uma porra de um ácido enquanto apodrece, ao meu pai fornicou uma bancada de mármore!

    Mas como se faz? Eu diria que…
    abre-se uma tampa na abóbora, tiram-se as pevides, e väo-se tirando colheradas até haver espaço para a lebre, depois recheia-se a lebre com os bocados de abóbora “descolhereados”, e toca de ir ao forno.

    Mas para isso tens que ter um GRANDE forno!

  2. Avatar de alex

    Era uma abóbora tardia que nasceu no meu quintal (aliás foram todas tardias, porque o aboboral nasceu tarde). E como não apanhou muito sol, devia ter muita água, estava pouco seca e estragou-se.

    Quanto ao petisco, esqueceste-te apenas de referir que o coelho ou lebre têm que ser temperados 1 ou 2 dias antes com os temperos usuais nesses casos: vinho, cominhos, sal, alho, etc. Há por aí imensas receitas na net e sei que o nick se aconselhou nos especialistas neteiros.

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