Viagens

Cada vez viajo para mais perto. De início, viajava para o outro lado do mundo; depois para cada vez mais perto; e acabei por passar a viajar apenas até à tasca da esquina para comer um choco frito com uma garrafa de tinto.

Ao menos na tasca da esquina falamos a mesma língua, consigo comunicar com os indígenas, e percebo os comentários dos presentes.

Do outro lado do mundo não percebo o que dizem, podem até estar a gozar comigo ou a fazer comentários sobre o rabo da minha mulher. E, enquanto eles falam e riem a bandeiras despregadas, eu viro-me para ela e digo: “Gosto disto, adoro viajar. Já viste? Eles parecem felizes, gostam de nós.”

Pois gostam. Gostam principalmente do rabo da tua mulher… e, se calhar, até do teu.

Viajar é fixe. Mas eu prefiro a tasca da esquina.


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