Em devido tempo, o chornal analisou a retroactividade dos impostos. Sem preconceitos. E concluíu que era um instrumento revolucionário. Um instrumento com potencialidades para servir a revolução. Retroactividade dos impostos, sim. Pois claro. Impostos sobre esses cabrões todos que andaram a mamar nos bancos. Impostos de 100% sobre os seus rendimentos dos últimos 10 anos. Retroactivos. Assim dissemos na altura.
Cavaco é um homem de pormenores. Lembramo-nos bem do BPN. E das suas declarações. De que não tinha interesses no BPN. Declarações pormenorizadas. De uma inteligência rara. De um homem assim esperamos sempre mais.
O presidente vai solicitar a fiscalização sucessiva da constitucionalidade dos impostos retroactivos. Toda a gente sabe que vão ser dados como inconstitucionais. Podia solicitar a fiscalização preventiva. Ou a fiscalização sucessiva. A primeira suspendia de imediato o pagamento desses impostos. A segunda manda cobrar os impostos, podendo cada um dos contribuintes, se quiser, contestá-los posteriormente nos tribunais. A fiscalização da constitucionalidade, na forma sucessiva, dá a cada contribuinte o direito de gastar 700 contos nos tribunais para se ver ressarcido, daqui por 10 anos, dos 70 contos que este ano pagou a mais, indevidamente.
Em simultâneo, a fiscalização da constitucionalidade ilegaliza impostos retroactivos, como os do Obama, sobre os cabrões que andaram a mamar nos bancos. Pormenores. A pseudo-elite de PSDs que enriqueceram no convívio íntimo dos bancos pode dormir descansada. Fiscalização, mas sucessiva. É mesmo o que lhes dá jeito. Fiscalização da retroactividade: a garantia da segurança do património, deles, no futuro. Sucessiva: alguém que pague a conta deles, agora. Pois claro. Gostamos de governantes assim. Não queremos outra coisa.
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