Gostamos de deslavadas. Deslavadas é que é. Estamos fartos de gajas que andam por aí a mostrar as mamas e o rabo. Sempre gostámos disso. Agora, de repente, fartámo-nos. Agora queremos deslavadas. O que é uma deslavada? Uma deslavada é uma daquelas gajas em que não reparamos. Uma gaja daquelas que veste uns trapinhos que nada têm de sensual. Uma gaja que não se pinta ou que o faz de forma discreta. É uma gaja em que só reparamos por acidente. Quando vemos que tem um sorriso bonito. Ou uma atitude gentil. A deslavada é uma gaja que a gente nem vê que está ali.
As deslavadas são a tendência para a nova estação. O chornal antecipa aqui esta tendência. As deslavadas usam roupas tão tradicionais quanto possível. Evocam qualquer coisa de tradicional, de rústico, de campestre, de antigo, ou de fora-do-tempo. Usam tecidos e perfumes antigos, que pensam ser intemporais. Não se arranjam muito, ou é como se não o fizessem. Não se pintam muito. São discretas. Falam e movem-se com moderação. Esquecem-se de ser sensuais. As deslavadas gostam de ervas, chás e receitas de bolos. As deslavadas podem ser a imagem humana que faltava nos livros da Laura Ashley. E podem ser outra coisa qualquer, desde que discreta e ligeiramente fora do tempo.
Como todas as tendências de moda, ser deslavada não é apenas um visual. Ser deslavada é um life style. A deslavada é o regresso aos valores tradicionais. A deslavada está em sintonia com o regresso à ruralidade. Está em sintonia com os valores da família. Está em sintonia com o fim da sociedade do conhecimento. Pode ser alguém a quem o farmville bateu forte. A deslavada é uma mulher que não quer saber de tecnologia. Tecnologia, só a batedora de bolos. Não quer saber de sucesso profissional. Sucesso é fazer bons bolos. Não quer saber de computadores. Computadores, só para encontrar as receitas.
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