Agora são africanos. Agora são magrebinos. Os jogadores franceses. Anelka é preto. Thierry Henry é preto. Zidane é argelino. Agora, é por isso que não são patriotas. Agora, é por isso que não se esforçam. Agora, é por isso que arranjam problemas. Sim, Zidane. O Zidane também foi caçado a discutir com o Platini. Há mais de uma semana. Platini, o homem da FIFA. Zidane, o argelino-francês genial, a quem a França muito deve.
Os jogadores estão a pedir respeito. Isto não é um saltillo. Não estão a pedir dinheiro. Estão a pedir um tratamento condizente com o que têm normalmente nos clubes. Condizente com o seu estatuto. Condizente com o que já deram à França. Os jogadores da França estão a fazer uma greve contra a violência psicológica no local de trabalho. Os jogadores da França estão a fazer uma greve por respeito. Pelo respeito que um treinador de segunda não lhes tem. Pelo respeito que a federação francesa não impõe. Pelo respeito que a França deve exigir pelos seus trabalhadores.
São trabalhadores. Fazem greve. Para que o anelka volte. Para despedir quem os governa. Um exemplo a seguir. Despeçam quem os governa. E os jogadores jogam. E estão disposto a ir comer a relva. Como sempre fizeram. Ou mais. Os franceses já são campeões, são campeões daquilo que interessa. Vive la France.
Há quem nos queira convencer de que os jogadores de futebol não são trabalhadores. De que são uns príncipes. Porque ganham muito dinheiro. Para nós, são trabalhadores. Porque trabalham. E estão à mercê de ditadores. E estão à mercê da FIFA. Uma organização supranacional. Exactamente como aqueloutras que nos governam.
P.S.: Se hoje não jogarem, os jogadores franceses serão duramente castigados. Provavelmente nunca mais poderão jogar futebol, não só na selecção. É um suicídio profissional, em tudo igual aos da France Telecom.
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