Esta é a história da Guilhermina e do Manuel Cartaxo. Uma história verdadeira. Uma história antiga, de mais de meio século. Uma história de sexo. Vinda de uma sociedade em que a sexualidade era reprimida. Em que a sexualidade era obscena. Em que a sexualidade era encoberta. Em que a informação sobre a sexualidade era recusada, sobretudo às mulheres.
De uma sociedade assim, com um défice de informação sobre a sexualidade, tudo seria de esperar. Mais que tudo, na verdade. Apesar da ignorância, as raparigas sabiam o fundamental. Sabiam que os homens se punham em cima das mulheres e que elas, por isso, emprenhavam. Saber isso era suficiente, ou, pelo menos, parecia ser. Isso até ao dia em que a Guilhermina conheceu o Manuel Cartaxo.
A Guilhermina era uma mulher inteligente, apesar de inexperiente como a maioria das mulheres por esse tempo. Por um motivo qualquer, resolveu tirar desaforo com o Manuel Cartaxo. Ninguém sabe o que ele lhe terá feito, mas a Guilhermina resolveu vingar-se. Feita a vingança, a Guilhermina resolveu contar a toda a gente da aldeia. E vinha ela pelo meio da rua, com os olhos brilhantes de satisfação, cantando para todos ouvirem: “T´ra-la-lá, lá-lá. Emprenhei o Manuel Cartaxo. Eu fiquei por cima e ele por baixo.”
P.S.: Maio de 2010. O mês em que o BCE fez uma intervenção nos mercados. Para manter o preço da dívida. Comprando dívidas. Aos especuladores. Que as venderam. Sem que o preço baixasse. Grande vitória do BCE. Sobre os especuladores. O chornal tem uma notícia de última hora: a Guilhermina emprenhou o Manuel Cartaxo. Mais uma vez. O Manuel Cartaxo geme. Com ele todo enfiado na Guilhermina. Ain, Ain…
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