de 3 para 9

Vamos hoje explicar a crise nacional. O chornal continua a sua missão de elucidar os leitores. A despeito das hordas de peritos que insistem em “informar” os cidadãos. As nossas contas sempre tiveram um défice. Que sempre rondou os 3% do PIB. Estava cá há 10 anos. E estava cá igual há 2 anos. Esse é um problema económico. Endémico. Que nos dizem ter que ver com a competitividade da economia. Que nos dizem ter que ver com a incapacidade de gerar riqueza para sustentar o estado. [pg 7, pg 19]

Esquecem-se de nos dizer uma coisa importante. As contas sempre estiveram quase equilibradas. Na verdade, o défice tem sido de cerca de 1%. Em 7 dos últimos 10 anos. Então de onde vem a diferença para os 3%? Do serviço da dívida. O défice de 3% não vem da competitividade, vem do endividamento. [pg 7, pg 19]

Esquecem-se de nos dizer uma coisa muito mais importante. No espaço de 1 ano os 3% saltaram para 9%. Os tais 3% de défice que nos acompanhavam há décadas. Explicações? Nada justifica um salto desse tamanho. Nós não fomos aumentados. O estado não passou a prestar mais serviços. A economia não ficou assim menos competitiva de um ano para o outro. Nem os juros da dívida aumentaram de forma a justificar o salto de 3 para 9%. [pg 7, pg 19]

O salto de 3% para 9% no défice deve-se à intervenção no BPN/BPP. Os tais bancos cheios de gente do PSD. O salto de 3 para 9% não tem origem na economia. O pagamento de um défice de 9% estrangula a economia. De tal forma que os detentores da dívida duvidam na nossa capacidade de cumprimento. Daí o aumento do preço do crédito. Daí os CDS mais caros. Daí a ausência de acesso ao crédito. Uma situação na qual a subida ou descida dos CDS é irrelevante, porque já ninguém os contrata. A tudo isso o Teixeira chama de ataque dos especuladores.

P.S.: Ataque dos especuladores. É o que lhe chama o Teixeira. Outros chamam-lhe bom senso. Uma coisa é um devedor de 3%. Outra coisa é um devedor de 9%. Tratam-se de maneira diferente. Tivéssemos nós o habitual défice de 3% e os especuladores continuavam a pôr cá o dinheirinho, felicíssimos da vida.


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