O expresso dá agora a notícia. Nos últimos dez anos, as acções que mais valorizaram foram o carvão e as matérias-primas. Nos últimos dez anos, as acções que mais desvalorizaram foram seguros, telemóveis, tecnologias de comunicação e produtos de entretenimento. É o descalabro da sociedade do conhecimento em todo o seu esplendor.
O chornal antecipou a mesma notícia há cerca de dois anos. Publicámos um post com o título o fim da sociedade do conhecimento. Aí se antevia a crise óbvia que se avizinhava. Aí se antevia a queda de tudo o que é etéreo. Os serviços, dourados com o nome elegante de economia do conhecimento, estavam condenados. A economia real assente na produção e a posse das matérias-primas eram de novo a fonte de toda a supremacia.
O nossos governantes não estavam preparados para perceber a nossa notícia. Uma coisa demasiado simples mas impossível de perceber pelos nossos governantes. Porquê? Porque no universo deles não é assim. Porque na nossa sociedade se enriquece à margem da produção. Porque as nossas “elites” e os nossos políticos enriquecem à margem da produção. Porque são ricos não por participarem no processo de criação da riqueza mas por se apropriarem da sua redistribuição.
Os nossos ricos não são empreendedores. São ricos porque constroem onde aos outros não é autorizado construir. São ricos porque se apropriam da limitação das licenças para grandes superfícies comerciais. São ricos porque se apropriam das licenças para a emissão de televisão. São ricos porque lhes vendem o monopólio dos combustíveis a preço de amigo. São ricos porque compram acções a um banco para um ano depois as venderem ao mesmo banco pelo dobro do dinheiro.
Os palermas que nos governam persistem com o discurso da sociedade do conhecimento. Palermas. Contra todas as evidências persistem no seu rumo traçado de palermas. Enquanto isso, o chornal decretou o fim da economia do conhecimento. E o regresso da realidade tangível.
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