a conversa da democracia

O Afeganistão foi a eleições. Promovidas pelos EUA e aliados. Organizadas pelo Karzai. Um dos candidatos. E o ocidente regozijou-se com a realização de eleições. Uma vitória democrática.

As eleições foram contestadas pelos opositores afegãos. Por serem uma vigarice. Havia 100% de votos num mesmo candidato em diversos sítios. E diversas votações inverosímeis. Que favoreciam o Karzai. A Comissão Eleitoral mandou anular algumas das votações inverosímeis. Como se as outras, por não serem totalmente inverosímeis, fossem verdadeiras. Os candidatos da oposição não gostaram. Não reconhecem legitimidade às eleições assim conduzidas.

O ocidente interveio. O ocidente está sempre muito preocupado com a democracia. Talk, talk, talk. A hilária diz que as eleições são legítimas. Assim ficamos mais descansados. Umas eleições que elegem o candidato que cometeu fraude eleitoral aldrabando a contagem dos votos são legítimas. Pensávamos que um candidato que comete fraude eleitoral não pode ser eleito. Pensávamos que o lugar de um candidato que comete fraude na contagem dos votos é a prisão. Enganámo-nos.

Em nenhum momento se considerou a destituição do Karzai e correspondente prisão. Pelo contrário. O Karzai foi declarado vencedor. A Inglaterra felicitou-o. A ONU felicitou-o. A França felicitou-o. O ocidente constrói um novo padrão de legitimidade eleitoral.

P.S.: Hoje lá, amanhã (?) cá. Em breve deixarão de existir votos em papel. Os computadores, como sabemos, prestam-se melhor às golpadas.


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Comentários

2 comentários a “a conversa da democracia”

  1. Avatar de nick name
    nick name

    Corolário:

    A legitimidade eleitoral acontece quando ganham aqueles de quem “gostamos”.

  2. Avatar de Maquiavel
    Maquiavel

    E desde quando é que assim näo foi?

    O Chavez já ganhou uns 10 referendos de seguida, reconhecidamente democráticos – näo gostamos = ditador
    O Bush jr. perdeu a 1.a eleiçäo, manietou a 2.a – gostamos = democrata

    Olhai para a diferença de tratamento aos torcionários jugoslavos:
    Assassinos sérvios – näo gostamos = demónios
    Assassinos croatas – gostamos = santinhos

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