Convidaram-me para empurrar o muro, não percebi bem porquê, pois o meu partido do coração ainda é o MRPP, mas lá fui. Foi uma festa de pompa e circunstância, com ceveja a rodos, muitas salsichas e chocrute.
Havia dominós para todos os lutadores e defensores da liberdade. Veio o Lech Walesa e atirou a primeira pedra. O Mikhail Gorbatchov soprou pelas costas que o Walesa não teve força para a esferovite e aquilo lá começou a desmoronar-se. O povo batia palmas e bebia cerveja e eu, atrapalhado tentava esgueirar-me para uma mijinha mas a toda a hora me metiam mais um copo de cerveja na mão: “Joseph, Sie sind das größte”, diziam-me, que é como quem diz “És o maior, Zé”.
Não aguentei mais e mijei ali mesmo junto a um pedaço de muro. Ah, que alívio!
Nisto, as pedras de dominó vêm a cair e fico aterrado de medo, com a penúltima quase a cair em cima de mim… Mas milagrosamente, o dominó parou de cair. (Obrigado Maria de Fátima, acendo-te uma vela p’rá semana).
E nisto o povo começa: “Joseph, Joseph, Joseph, Joseph…” Eu a mijar, as câmaras e os holofotes em cima de mim, o povo em delírio, e eu com uma pilsener numa mão e a piça na outra. Aponto uns metros mais acima, faço força e a última pedra começa a cair.
Foi o delírio, o povo aos berros, comunistas e capitalistas, a televisão, os ecrãs gigantes… nem tive tempo de guardar a pila. Levaram-me em ombros e foi cerveja e salsichas a noite toda.
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