no elevador e sem respirar

O elevador é um ícone da civilização. Vê-se pelos filmes. É o elevador local de encontro e romance. É o elevador sinal de momento de ascenção social. É o elevador do filme de terror. É aquela gaja que queria foder comigo no elevador. E é também a música de elevador, parente pobre do genial music for airports.

O pária dos eventos de elevador é o peido de elevador. Um verdadeiro embaraço. Se estiverem 3 ou 4 presentes, todos se entreolham e disfarçam. Todos pensam que foi o outro que deu. Todos pensam que os outros pensam que foram eles que deram. Não raro ficam ali a apontar uns para os outros: “Foste tu? Não. Foste tu”.

É uma coisa embaraçosa. Já aconteceu desconfiarem uns dos outros e, só depois, quando o elevador se abriu, se tornou óbvio que o cheiro vinha de fora. Era um daqueles dias em que o ar cheira a enxofre. Estavam todos inocentes.

Terminámos a época eleitoral. O Sócrates ganhou. Mas ninguém votou no Sócrates. Os camionistas não, certamente. Os professores também não. Os juízes também não. Os médicos também não. Os enfermeiros também não. Os desempregados também não. E os contribuintes também não. O Sócrates ganhou. Mas ninguém votou no Sócrates. É um peido de elevador. No elevador e em toda a parte todos olham uns para os outros: “Foste tu? Não. Foste tu”.

É uma coisa embaraçosa. A não ser que ninguém tenha de facto votado no Sócrates. Vocês sabem do que eu estou a falar. A não ser que as redes informáticas onde se faz a contabilização dos votos não sejam seguras. Repito, a não ser que as redes informáticas não sejam seguras. A não ser que o sr. silva tenha mesmo razão.


Publicado

em

por

Etiquetas:

Comentários

Um comentário a “no elevador e sem respirar”

  1. Avatar de SoKrates

    Ou então é bruxaria…

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *