a Irlanda

A Irlanda referendou o tratado de Lisboa. Mais ninguém referendou o tratado de Lisboa. Não faz falta referendar. Já antes a Irlanda tinha votado. Mas não tinha votado como os patrões da UE pretendiam. Havia pois que votar outra vez. Os referendos na UE são assim. Vai-se sempre votando até um dia haver um referendo que dê aquilo que o patrão manda.

A Irlanda votou então novamente. Em liberdade. Eh!eh! Se não votassem a favor fodiam-nos já de seguida. Foram o primeiro país a estoirar no espaço euro. Coincidência ou não, ficaram reféns. Mandaram-nos pois votar outra vez. E os irlandeses obedeceram.

O deus pinheiro foi à TV e explicou bem as coisas. Isto de referendos não faz qualquer sentido. Não faz sentido porque as pessoas acabam sempre a discutir outras coisas que não as do referendo.

Pois tem razão o homem. E acrescentamos nós: o mesmo se passa com as eleições. As pessoas acabam sempre a discutir outras coisas, não é? Numa eleição legislativa é a homossexualidade do sócrates, na outra legislativa seguinte são as escutas do cavaco. Não é? Pois, acabem-se com as eleições. O deus pinheiro não diz, a inteligentzia não diz, mas é isso que lhes vai na cabeça.

Em breve, a UE será a maior construção democrática do planeta sem votos. Na prática há uma comissão que faz directivas para os parlamentos aprovarem obedientemente. Uma comissão chefiada por alguém menos popular do que o Putin, o Amadinejad, o Hiu Jin Tão, ou provavelmente o Kim Jong Hil. Uma comissão chefiada por alguém que não é ninguém. Alguém que é apenas representante de gente que nem dá a cara. E quando se diz que a europa não é governada democraticamente todos fingem que não percebem e fazem-se de mulas.


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